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Professora é premiada em evento internacional sobre desenvolvimento infantil

A cada dois anos pesquisadores do mundo todo reúnem-se para discutir o desenvolvimento infantil no Congresso Internacional de Estudos Infantis (ICIS). A edição de 2024 já tem data marcada e local definido: 8 a 11 de julho, em Glasgow, Escócia. “O ICIS é um dos principais eventos científicos na área de desenvolvimento infantil do mundo. Pesquisadores dedicados a estudos do desenvolvimento neurológico, motor e cognitivo em crianças, participam do Congresso. Esse ano a edição será na Escócia e, considerando os custos elevados de uma viagem ao Reino Unido, decidi concorrer à premiação Scholar (Faculty/Researcher) Travel Awards que eles anunciaram para esse ano”, conta a professora do Instituto Integrado de Saúde (Inisa) e do curso de Fisioterapia da ߲ݴý, Daniele de Almeida Soares Marangoni.

“Sem a premiação e apoio institucional, eu não teria recursos para participar do evento, no qual também tive um trabalho aprovado para apresentação. A premiação é baseada no alinhamento da carreira do pesquisador com a missão e proposta do ICIS. Para concorrer, o pesquisador envia um resumo de seu currículo científico e responde a um questionário com várias perguntas sobre suas expectativas de participação. O premiado ganha a inscrição e 2,5 mil dólares para viajar ao Congresso, onde haverá a entrega da premiação pessoalmente. Com o valor será possível cobrir as despesas de passagens aéreas”, destaca a professora que também receberá apoio do Inisa para as despesas relativas à hospedagem/diárias.

No ICIS, Daniele vai apresentar os resultados de um estudo piloto no qual foram investigados bebês nascidos em Campo Grande cujas mães apresentaram sífilis ou toxoplasmose durante a gestação. Os resultados foram publicados em artigo no periódico científico Early Human Development (veja ). “Encontramos um número bastante expressivo de alterações no comportamento motor dessa amostra, aos três meses de idade, instigando-nos a expandir o estudo, pois geralmente esses bebês são assintomáticos para problemas neurológicos e motores nos primeiros meses de idade. Usamos ferramentas padrão-ouro para avaliação neurológica e do comportamento motor desses bebês, que conseguem identificar risco de lesão cerebral ou comprometimento motor antes que os sintomas estejam evidentes”, fala.

“O é um projeto de pesquisa multicêntrico que venho coordenando desde ano passado. O objetivo é investigar se lactentes com exposição pré-natal a STORCH (sífilis, toxoplasmose, rubéola, citomegalovirose, herpes, dentre outras infecções na gestante) apresentam desenvolvimento neurológico e motor, além da atividade cerebral, alterados em comparação a lactentes não expostos, ao longo dos dois primeiros anos de vida. “É um estudo de corte nacional, com coleta de dados em Campo Grande (MS), Manaus (AM), Recife (PE), Natal (RN), São Paulo (SP) e Uruguaiana (RS), representando as cinco regiões do Brasil. O projeto está em fase inicial de coleta de dados e foi contemplado na Chamada Universal CNPq 2023 para adquirir o primeiro equipamento fNIRS do Centro-Oeste brasileiro, que mensura por meio de espectroscopia de infra-vermelho próximo a atividade cerebral em recém-nascidos (inclusive prematuros) até 5 anos de idade”, explica.

Sobre o prêmio

“Recebi recentemente um e-mail informando que o Comitê de Premiação do ICIS ‘ficou impressionado’ com minha aplicação/inscrição e que eles haviam me elegido para a premiação. Fiquei muito feliz. O prêmio é financiado pela Agência para Ciência, Tecnologia e Pesquisa – A*STAR – de Singapura, e concorri com pesquisadores do mundo todo. Será uma honra ter a experiência de representar a ߲ݴý em uma premiação internacional. Além disso, será enriquecedor promover os resultados do nosso trabalho, atualizar-me assistindo às palestras dos importantes grupos de pesquisa internacionais sobre os resultados mais atuais de seus estudos, conversar com pesquisadores estrangeiros sobre ideias para aprimorar nossas metodologias, conhecer uma nova cultura estrangeira… Todo esse processo que um congresso no exterior permite é altamente enriquecedor para a docência e a capacidade de articulação internacional de um pesquisador, importante também para o processo de internacionalização da nossa Instituição”, conta Daniele.

Sobre o prêmio, a professora destaca que é significativo também para a área de Fisioterapia, já que reconhece uma pesquisadora fisioterapeuta em meio a um conjunto de cientistas de outras áreas, como Medicina e Psicologia. “Os projetos que coordeno e que foram levados em consideração para a premiação, destacam o papel da avaliação fisioterapêutica e de intervenções fisioterapêuticas focadas na detecção e tratamento precoce de bebês com risco para problemas de desenvolvimento. É uma honra, enquanto premiada, ter a oportunidade de colocar nosso grupo de pesquisa, o INISA – onde estou lotada junto ao Curso de Fisioterapia – e a ߲ݴý em posição de destaque internacional”, relata.

Daniele coordena o Laboratório de Estudos em Neuropediatria, do INISA, e lidera o grupo de pesquisa do CNPq intitulado Baby BRain – Baby Research Group on Brain Activity and Neuromotor Development in Brazil. “O Baby BRain nasceu como primeiro grupo de pesquisa sediado no Centro-Oeste brasileiro dedicado a investigar a atividade cerebral e o desenvolvimento neuromotor infantil. Conta com pesquisadores de universidades brasileiras e uma estrangeira (Itália), com diferentes formações, além de estudantes de graduação e pós-graduação stricto sensu e uma técnica fisioterapeuta. Nos últimos anos, além do Projeto STORCH Brasil, nos engajamos em desenvolver ensaios clínicos randomizados para examinar a segurança e eficácia de intervenções fisioterapêuticas em bebês prematuros, avaliando desfechos clínicos importantes, como ganho de peso, e desfechos neurológicos e motores nos primeiros meses de vida”, diz.

“Também estamos representando o Centro-Oeste brasileiro como coparticipantes de um projeto de pesquisa multicêntrico em parceria com a empresa BirthTech e patrocinado pela agência Grand Challagens Canada, do governo canadense. Nesse projeto estamos fazendo um estudo de coorte para avaliar a morbidade nos primeiros seis meses de vida de recém-nascidos assistidos com o equipamento Preemietest, da Birth Tech, que mensura a maturidade da pele de recém-nascidos. Além desses, colaboramos em projetos de pesquisa com a UnB, UFRN, UFSCar, UFMG e UFJF, voltados a estudos sobre a implementação e qualidade do cuidado pré-natal e neonatal no Brasil; registro, desenvolvimento e participação de crianças com paralisia cerebral no Brasil; intervenções em recém-nascidos prematuros hospitalizados; e desenvolvimento de bebês típicos e com risco para problemas do desenvolvimento motor”, acrescenta.

Além disso, Daniele também coordena um projeto de extensão que faz o seguimento do desenvolvimento de recém-nascidos egressos das unidades neonatais do Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian (Humap-߲ݴý/Ebserh). “Nesse projeto avaliamos mensal ou trimestralmente cada bebê egresso, usando ferramentas de avaliação padrão-ouro capazes de identificar atraso motor e risco de lesão cerebral. O projeto se chama Follow up do desenvolvimento motor de recém-nascidos e ocorre semanalmente na Clínica Escola Integrada, do INISA, desde 2022, em parceria com o projeto de Clínica da Família da professora Angélica Marchetti, do curso de Enfermagem”, finaliza.

Texto e fotos: Vanessa Amin